sábado, 26 de junho de 2010

Quebra-padrões



Cenário: rua tranqüila, muitas casas com parquinho infantil no jardim e motoristas que insistem em dirigir em alta velocidade. Como chamar a atenção deles para que tenham cautela e observem a presença de crianças na área?

Colocar quebra-molas é, certamente, a primeira forma de alertá-los. Funciona? Nem sempre. Já vi motorista acelerar fundo e passar pelo quebra-molas como se o carro tivesse asas. É preciso um apelo mais forte.

Placa de sinalização indicando passagem de crianças em determinados trechos. Funciona? Às vezes. Se passou ali e não precisou parar pois nunca viu ninguém brincando, então vale continuar acelerando. Algo mais efetivo, por favor.

Espalhar brinquedos no gramado do jardim, já bem perto da calçada ou da rua. Funciona? Bem melhor que as opções acima. Se você está no volante e de longe vê uma bola, uns carrinhos e/ou uma boneca perto da rua, significa que ali, em algum lugar, tem criança brincando.

Essa é a maneira que os suecos encontraram de avisar aos motoristas que tenham cuidado com suas crianças. Uma ideia muito simples, mas interessante e pra lá de criativa. Vale testar!


segunda-feira, 21 de junho de 2010

A trilha

Um bom comercial de TV é aquele que não sai da memória. Ou tem um roteiro que é coisa de cinema, ou tem uma produção que transforma um budget minimalista no milagre da multiplicação ou tem uma trilha sonora que simplesmente fascina.
Uma trilha bem escolhida pode ser a identidade de toda uma campanha. É ela que vai fazer você lembrar da marca e, ainda, associá-la a um sentimento ou a uma sensação – alegria, saudade, ódio, fome, sono, paixão, dor, enfim...
Na minha lista de comerciais favoritos, dois se destacam exatamente pela boa escolha da trilha: o filme da Saab com a música "Release me", da banda sueca Oh Laura, e o do Sony Bravia, com a música "Heartbeats", de Jose Gonzalez.







quinta-feira, 17 de junho de 2010

Aprendendo o novo idioma


Logo que cheguei na Suécia coloquei o português na gaveta e tirei da mala o meu inglês. Usei e abusei do idioma nos dois primeiros anos. Cheguei até a pensar em trabalhar como redatora nessa língua, até que, na minha primeira turma no curso de sueco, ganhei um colega americano. Pedi pra ele revisar as traduções das minhas campanhas brasileiras e quando vi a canetinha vermelha dançando, recuei e decidi me dedicar inteiramente ao aprendizado do idioma sueco antes de pensar em retomar minhas atividades publicitárias.
Depois de 2 anos de curso intensivo comecei a me sentir à vontade com a língua. Conversava sem dificuldades e percebi que poderia fazer meus primeiros contatos com pessoas do mercado pra, naturalmente, ir reservando o meu lugar. Consegui um estágio numa agência e, depois de um período experimental de 6 meses, acabei sendo contratada.
O que quero dizer com tudo isso é que não importa qual é o seu país de origem ou o seu idioma nativo: se você é apaixonado pelo que faz e sabe que precisa dominar a nova língua pra continuar exercendo sua profissão, o melhor é transformar o aprendizado num fator natural do seu dia-a-dia. Eu fiz assim:

1) Graças ao excelente programa de inclusão para deficientes auditivos do país, boa parte das emissoras suecas transmitem seus programas legendados. É opcional, basta apertar a tecla de "legenda" do controle remoto e digitar o código correspondente ao canal a ser assistido. Fiz isso o tempo todo. Não tem coisa melhor do que ouvir e, simultaneamente, ler o que se ouviu. Pra quem trabalha com texto, é uma forma muito eficiente de aprender construções de frases, assim como ortografia e gramática. Pra quem está fora do Brasil, é bom se informar se essa possibilidade existe aí onde você mora.

2) Ainda no quesito televisão, assisti, incansavelmente, a muitos programas de música. Diversão garantida: enquanto você cantarola nem percebe que está, na verdade, aprendendo o ritmo, o acento e a entoação da nova língua.

3) Criei uma nova regra que começou quando recoloquei o inglês na mala e tirei da cartola um sueco caindo aos pedaços. Um verbo aqui, uma conjunção lá e seja o que eu quiser. Quer falar comigo? Fale em sueco. No início precisei pegar o inglês emprestado algumas vezes, mas, a regra contribuiu pra um aprendizado mais rápido.

4) Falei errado, mas falei. Escrevi errado, mas escrevi. Eu pedi (e ainda peço) pra que me corrigissem toda vez que falasse ou escrevesse algo errado. Permita-se errar para aprender. 

5) Li muito. Traduzia cada palavra que não entendia com a ajuda de um dicionário de bolso. Um dicionário fraquinho, mas que me ajudou muito. Ah se o Google Translate existisse naquela época...

Hoje domino o sueco a tal ponto que o meu conhecimento da língua inglesa ficou pra trás. Tenho dificuldade em escrever e em me expressar em inglês, misturo com sueco e no final vira um "sueglês" que não me leva a lugar algum. Mas é assim, se não é colocado em prática, vai sumindo mesmo da memória. Faz parte.



terça-feira, 15 de junho de 2010

Flash mob na sua versão original

Virou mania mundial fazer de flash mobs ações promocionais pra divulgar produtos e marcas. Tem sido um prato quente pra turma da criação, que com a imaginação solta inventa mil formas de tornar a publicidade mais interessante e mais divertida.
Mas nem todo mundo sabe que o verdadeiro flash mob é uma ação espontânea, inusitada, organizada através de redes sociais como Orkut e Facebook ou de programas de chat como MSN, Skype e GTalk. A ideia é reunir o maior número possível de pessoas num lugar de grande movimentação e fazer algo inesperado, que comece do nada e termine repentinamente, deixando as pessoas ao redor com uma grande interrogação na testa.
Organizar um evento patrocinado, convocar pessoas para uma festa, um show ou uma encenação onde tudo é previsível não é promover um flash mob. Infelizmente muitas agências ainda não entenderam isso e o termo vem passando por uma redefinição, do inusitado pra o esperado: sem surpresas, sem indagações e sem o efeito que faz todo mundo pensar "O que foi isso? Não entendi nada! Também nem importa, adorei!".
Eis aqui um exemplo de campanha de sucesso – um verdadeiro flash mob organizado para surpreender pessoas em quatro pontos diferentes de Estocolmo. Por trás da ação estão Radiotjänst, Initiative Universal Music e o regente de coral Gabriel Forss. 


segunda-feira, 14 de junho de 2010

Dica de programa



Eu adoro criar com lápis, caneta e papel. Escrever, riscar, desenhar, rabiscar, amassar e jogar no lixo, pegar outra folha, escrever e rabiscar novamente e fazer do rascunho a concepção quase pronta que, em seguida, vai parar no computador. 
Mas outro dia li sobre o XMind, um excelente programa pra Mac pra quem quer fazer mapa mental (mind mapping) e brainstorming direto no computador. E que além disso, possibilita criadores em pontos diferentes do planeta a fazer um brainstorming juntos, em tempo real. Existem duas versões do programa, uma paga e uma totalmente grátis (a que eu tenho). Já testei pra fazer um mapa mental e achei muito bom. Falta fazer um brainstorming nele.
A interface não é das mais bonitas e tantas funções e botões dão a impressão de que o programa é avançado e complicado demais. Mas acho que dedicando um tempo pra se familiarizar melhor, dá pra trabalhar intuitivamente com ele.


Visite www.xmind.net pra ler mais sobre como usar o programa.

domingo, 13 de junho de 2010

Template com vida própria








Vez ou outra tenho problema com os diferentes templates do Blogger. Dá pra perceber isso ao ler os meus posts. Por mais que eu escolha "Times" no tamanho "Normal", os textos aparecem em tamanhos diferentes e com espaçamentos aleatórios. Bom, nada mais a fazer. Agora é curtir o efeito surpresa! 

Pensou em belas campanhas, pensou nessas agências

Pra mim agência boa é agência que trabalha com conceituação de campanhas. Ser copywriter não é apenas criar um texto solto e uma imagem pra completar. Ser diretor de arte não é apenas colocar uma imagem qualquer pra combinar com a chamada. É analisar a marca, o que ela representa, quais sentimentos despertam, quais valores exaltam e, a partir daí, definir toda uma linha de ideias que irão amarrar e unificar as diferentes peças de uma campanha.
A Suécia tem excelentes profissionais nessa área. Basta entrar no site das minhas agências preferidas pra dar uma olhada no que eles criam. Tudo (ou quase tudo) em sueco, mas os exemplos servem, pelo menos, como colírio pros olhos.





sábado, 12 de junho de 2010

Uma nova tendência: estúdio de freelancers



O mercado publicitário sueco vem mudando a sua cara. As agências grandes são ainda as que detêm contas importantes e as que contratam os profissionais mais talentosos. As médias e pequenas disputam pelas empresas recém-criadas e/ou pra atender às comunas. Normalmente o cenário é assim: grandes agências têm uma completa equipe formada por muitos diretores de arte, redatores, planejadores, gerentes de projeto, arte-finalistas e produtores. E quando eu digo muito, acredite, são cerca de 20 diretores de arte e uns 10 redatores, como na Forsman & Bodenfors, uma das maiores agências do país. A criação nas médias e pequenas é composta por no máximo três a quatro diretores de arte e, se muito, dois redatores. Em algumas o redator simplesmente não existe, nesse caso ele é contratado por fora pra assumir projetos de acordo com a demanda.
Então existem no mercado centenas de profissionais de criação fora de agência. Como sobrevivem? Dá pra se manter como freelancer sem ser contratado? Depende: se você tem uma lista com no mínimo dez clientes diretos de pequeno ou médio porte que dão trabalho todo mês, sim, dá pra viver bem. Ou então faça como os criativos mais criativos: junte-se a outras mentes pensantes pra criar um estúdio de freelancers.
Aqui em Lund mesmo tem um chamado Södra Esplanaden, formado por uma profissional de RP, uma ilustradora, dois diretores de arte, um redator, dois jornalistas e um desenvolvedor web. Cada um tem sua empresa registrada, mas todos trabalham sob o mesmo teto, num espaço que funciona como estúdio de criação, galeria de arte e ponto de encontro de artistas. A ideia é juntar talentos que gerem intercâmbio e parceria de trabalhos entre si. Pra algumas agências, esses estúdios são fortes concorrentes no mercado. Pra outras, são parceiros ideais, excelente forma de escolher a dedo diferentes profissionais que se encaixam em diferentes projetos sem a preocupação de vínculo empregatício.
A minha ambição é exatamente essa: registrar a minha empresa e aliar-me a um desses estúdios. Estar num ambiente que me inspire e que me dê liberdade de criar pra quem eu quiser e com quem eu quiser. E que me dê a possibilidade de envolver profissionais nos meus projetos e de me ver envolvida nos projetos dos colegas de estúdio. O mercado precisa desse ar renovador. E eu preciso desse tipo de desafio.





sexta-feira, 11 de junho de 2010

Criando rede de contatos




Sair de um emprego fixo em agência pra enfrentar os desafios de ser redatora freelancer tem sido a maior aventura.
Primeiro que não tenho empresa registrada e, por isso, entrego a parte de nota fiscal e pagamento de impostos a uma empresa de contabilidade. Assim, fico em dia com a segurança social e tenho todos os impostos pagos sem precisar chegar perto de uma calculadora. Nessa história, 31% do que recebo são pra pagar impostos, 6% vão pra empresa de contabilidade e mais outros porcentos vão pro beleléu – não me perguntem onde fica pois não faço a menor ideia. Só sei que no final das contas recebo menos de 50% do que cobro, ou seja, perco e muito com essa terceirização. Por essas e outras, decidi que preciso investir no meu próprio negócio.
Tudo tem que ser bem planejado e agora estou na fase 1 do projeto: criando minha rede de contatos dentro do mercado publicitário.
Tenho tido reuniões com várias agências do sul da Suécia e encontrado excelentes parceiros pra futuros projetos: diretores de arte, cineastas, líderes de projetos, programadores, ilustradores, jornalistas, enfim. Pessoas que podem me indicar e pessoas que posso indicar. Assim funciona o mundo dos freelancers. Tenho reuniões agendadas pras próximas semanas e, depois, é dar início à fase 2 do projeto: captar clientes diretos, ou seja, empresários com serviço/produto com potencial de crescimento e retorno lucrativo. Aí sim, vai ser de suar a camisa. Como me apresentar sem parecer vendedora de enciclopédia?
Apresentar campanhas é fichinha comparado a captação de clientes. Vamos ver qual estratégia vou usar. Vai ser assunto pra outro post. Especialistas no assunto que estiverem a fim de dar umas dicas quentes, please, fiquem à vontade.