Logo que cheguei na Suécia coloquei o português na gaveta e tirei da mala o meu inglês. Usei e abusei do idioma nos dois primeiros anos. Cheguei até a pensar em trabalhar como redatora nessa língua, até que, na minha primeira turma no curso de sueco, ganhei um colega americano. Pedi pra ele revisar as traduções das minhas campanhas brasileiras e quando vi a canetinha vermelha dançando, recuei e decidi me dedicar inteiramente ao aprendizado do idioma sueco antes de pensar em retomar minhas atividades publicitárias.
Depois de 2 anos de curso intensivo comecei a me sentir à vontade com a língua. Conversava sem dificuldades e percebi que poderia fazer meus primeiros contatos com pessoas do mercado pra, naturalmente, ir reservando o meu lugar. Consegui um estágio numa agência e, depois de um período experimental de 6 meses, acabei sendo contratada.
O que quero dizer com tudo isso é que não importa qual é o seu país de origem ou o seu idioma nativo: se você é apaixonado pelo que faz e sabe que precisa dominar a nova língua pra continuar exercendo sua profissão, o melhor é transformar o aprendizado num fator natural do seu dia-a-dia. Eu fiz assim:
1) Graças ao excelente programa de inclusão para deficientes auditivos do país, boa parte das emissoras suecas transmitem seus programas legendados. É opcional, basta apertar a tecla de "legenda" do controle remoto e digitar o código correspondente ao canal a ser assistido. Fiz isso o tempo todo. Não tem coisa melhor do que ouvir e, simultaneamente, ler o que se ouviu. Pra quem trabalha com texto, é uma forma muito eficiente de aprender construções de frases, assim como ortografia e gramática. Pra quem está fora do Brasil, é bom se informar se essa possibilidade existe aí onde você mora.
2) Ainda no quesito televisão, assisti, incansavelmente, a muitos programas de música. Diversão garantida: enquanto você cantarola nem percebe que está, na verdade, aprendendo o ritmo, o acento e a entoação da nova língua.
3) Criei uma nova regra que começou quando recoloquei o inglês na mala e tirei da cartola um sueco caindo aos pedaços. Um verbo aqui, uma conjunção lá e seja o que eu quiser. Quer falar comigo? Fale em sueco. No início precisei pegar o inglês emprestado algumas vezes, mas, a regra contribuiu pra um aprendizado mais rápido.
4) Falei errado, mas falei. Escrevi errado, mas escrevi. Eu pedi (e ainda peço) pra que me corrigissem toda vez que falasse ou escrevesse algo errado. Permita-se errar para aprender.
5) Li muito. Traduzia cada palavra que não entendia com a ajuda de um dicionário de bolso. Um dicionário fraquinho, mas que me ajudou muito. Ah se o Google Translate existisse naquela época...
Hoje domino o sueco a tal ponto que o meu conhecimento da língua inglesa ficou pra trás. Tenho dificuldade em escrever e em me expressar em inglês, misturo com sueco e no final vira um "sueglês" que não me leva a lugar algum. Mas é assim, se não é colocado em prática, vai sumindo mesmo da memória. Faz parte.
Brisa gostei da sua garra.
ResponderExcluirParabéns pelo Blog. Ótima iniciativa. Já coloquei no meu favoritos. Continue, estarei sempre visitando.
Abraço
Gabriel Andrade
Olá Gabriel!
ResponderExcluirObrigada pela visita e volte sempre! Estarei, na medida possível, atualizando o blog semanalmente.
Tudo de bom!
Brisa